Atos Únicos mergulha no universo das peças curtas de Anton Tchékhov, revelando, com subtil ironia e humor, as tensões sociais da Rússia do século XIX e a humanidade patética das suas personagens provincianas. Neste conjunto de vaudevilles dramáticos — fundamentais para entender a dialética teatral de Tchékhov —, a palavra é a protagonista, expondo com acuidade a mesquinhez, os desejos e os desenganos da condição humana.

A encenação de Rosa Coutinho Cabral e João Cabral propõe uma leitura contemporânea destas peças, afastando-se do realismo clássico para construir uma constelação de situações no palco, sem uma linearidade temporal rígida. Através de um trabalho rigoroso sobre o texto e a presença do ator, o espetáculo ressignifica o discurso e aproxima o público de um Tchékhov inesperado: fragmentado, inquieto e atual.

Este projeto marca um novo território artístico na trajetória do Coletivo POP, alargando o seu repertório ao universo tchekhoviano e promovendo, nos Açores, o contacto com obras menos conhecidas do autor russo.